quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Esgoto

A chuva se empoça entre paredes sem telhas. Rodam gentes. Um menino segura o furacão em busca de sonhos. O homem ronca em ventos, enquanto a água eleva seu corpo ao teto até esmagá-lo e dissolvê-lo em morte. Retribui-se a fome com o desgosto e a sede com a inundação. Famílias fogem, andando, correndo, nadando, debatendo-se, afundando-se. Sobram olhares. Olhos sãos, de pés emersos na planície. Afogam-se no peito contraído. Esgotam-se.

Maria Helena J. M. de Macedo

2 comentários:

Alysson Lago disse...

Ei Helena! Te achei aqui ao procurar informações sobre sua exposição. Cai no blog da Alice Prina, que me levou até aqui. Adorei os textos! Também tenho um blog, sobre música indie. Confira lá: indierocker.net
Parabéns e até o evento de hoje!

Anônimo disse...

Dá para imaginar o Haiti...