Abraçam-me os sorrisos de mil lacinhos coloridos nos cabelos negros. Seguram minhas pernas enquanto o meu coração se desequilibra perante tantos bebês cinzas sem músculos e quase sem nomes. A mãe, que desconhece o além da sobrevida, impede o filho de conhecer o colo. Puxa o braço do menino como embrulho e larga-o no canto como presente abandonado. Oferece-lhe o seu mesmo destino.
Entregam-me um neném que, forçando o pezinho áspero no meu corpo, se acomoda no meu busto. Eu vejo o choro engolido no olhar opaco do pequeno que cansou de gritar com lágrimas. A vida de meses sem nascer. Agacho para atender a menina dos lacinhos que achou graça nos meus cabelos e quer me fazer carinho. Doce.
sexta-feira, 23 de maio de 2008
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2 comentários:
Todas as vezes que leio os seus textos me emociono, parece que esta acontecendo comigo naquele momento.
Parab�ns pela profundidade, sensibilidade e clareza.
Beijos no cora�o.
Que experiência que deve ser isso, hein! Muito bonitos mesmos os seus textos! Briliante maneira de transmitir o que vc tá vendo.
E como correu a visita do PR esta semana? Mande notícias.
Beijos
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